BIBLIOTECA GARBHA

Acervo Geral (em ordem alfabética)

  Blavatsky e o Buddhadharma | Mead e o Gnosticismo | Jung e a Alquimia | Corbin e o Ismailismo

 

LAMRIM CHENMO vol. I – Tsongkhapa*

 

•   Presto reverência a Nagarjuna e Asanga.

•   Presto reverência a Dipamkara [Atisha].

•   Atisha compôs a Lâmpada para o Caminho da Iluminação (o primeiro Lamrim) e restabeleceu      práticas que tinham desaparecido e removeu corrupções baseadas em equívocos.

•   Hoje são poucos os que se esforçam na senda da Yoga [budista].

•   Muitos que estudam são incapazes de discernir o significado das escrituras.

•   Explicarei a senda graduada (Lamrim) que leva à Iluminação:

•   Os pontos centrais das escrituras do Conquistador.

•   O caminho desbravado pelos nobres Nagarjuna e Asanga.

As qualificações minimamente necessárias de um instrutor do Dharma:

•   A conduta ética do guru.

•   O treino na harmonia (entre pensamento, palavra e ação com os preceitose princípios do Dharma) é a base para todas as boas qualidades.

•   O treino na plena atenção (dhyana).

•   O treino em sabedoria (prajna).

•   A reta motivação (o voto do Bodhisattva).

Aquele que deixou de lado o benefício próprio e tomou para si o compromisso de beneficiar os outros é o meu guru. (Oitenta Versos de Louvor – Nagtso sobre Atisha).

•   Bodhicitta

•   Renúncia

 

 


A Grandeza do ensinamento:

•   O ensinamento não se contradiz [com os preceitos da senda que levam ao Budado].

•   As escrituras são instruções para a prática.

•   É possível encontrar a intenção do Conquistador facilmente.

•   Afasta o aprendiz das ações não virtuosas.

Portanto, se não tiver compreendido bem um determinado ponto da doutrina, não ensine aos outros.

(Dharmakirti Compêndio da Cognição Válida Pramana-vartika-karika)

•   “Conhecer os caminhos dos três veículos (hinayana, mahayana e vajrayana) éo método pelo qual os Bodhisattvas alcançam a meta que estabeleceram.”

(Abhisamayalamkara – Maitreya)

•   O Mahayana inclui o desenvolvimento de bodhicitta e o treinamento nas seis paramitas (generosidade, harmonia, paciência, reta energia, plena atenção, sabedoria).

Deve-se buscar o seu desenvolvimento em todas as ocasiões.

•   “A senda dos Conquistadores do passado, do presente e do futuro é a senda das

paramitas, nada mais”. (Prajna-Paramita Sutra de Mil Versos)

A Grandeza do ensinamento:

•   Não use a sua própria incapacidade como motivo para menosprezar a senda em que ainda não consegue se engajar, nem aquilo que deve ser afastado.

•   Trabalhe nas causas para poder adentrar a senda, acumulando as coleções de mérito e sabedoria, afastando as perturbações mentais e o seu poder mental aumentará.

•   Saiba que você acumula a obstrução kármica de abandonar o ensinamento quando vê os textos clássicos [da senda] como objetos de desprezo.

•   Para quem aspira à Libertação, as instruções supremas e autênticas derivam dos textos clássicos [das fontes, da “literatura original”].

“Aquilo em que você medita sobre a sabedoria surgida da meditação é tão somente a sabedoria que você adquire do estudo e da reflexão.”

(Kamalashila – Estágios da MeditaçãoBhavanakrama).


Os benefícios de ouvir o Dharma:

•   Ouvir sobre que é virtuoso e o que não é.

•   Ao ouvir [os ensinamentos do Dharma] a convicção e a prática das virtudes se fortalecem.

•   O ouvir [o Dharma] é como uma lâmpada que afasta as trevas das perturbações.

•   É uma arma que derrota o inimigo da confusão.

•   É o amigo que não abandona em tempos de necessidade.

•   Asanga, no Bodhisattva Bhumi, diz que deveríamos ouvir o Dharma com cinco ideias em mente:

1.  uma joia, pois os ensinamentos são raros.

2.  um olho, pois a sabedoria aumenta ao ouvir os ensinamentos.

3.  a Iluminação, pois chega-se à sabedoria que compreende a natureza de vazio dos fenômenos.

4.  grande benefício, pois são os ensinamentos que levam à Iluminação.

5.  estar além de qualquer reprovação, pois gera causas para a Iluminação.

Ouvir com respeito pelo ensinamento e pelo instrutor:

•   Asanga, no Bodhisattva Bhumi, diz: “Ouvir sem as aflições da arrogância e do desprezo, sem ressentimento e sem procurar chances para bate-boca [quando não é chegada a hora do debate].”

•   Abandonando as três falhas de um vaso:

1. Vaso de ponta cabeça [avesso à chuva de ensinamentos];

2. Um vaso sujo, os ensinamentos não têm efeito e se perdem em meio à poluição;

3. Um vaso com um furo no fundo. Os ensinamentos entram, mas vazam para fora do vaso.

•   Em outras palavras, você está num local em que há ensinamentos, mas (1) não presta atenção; (2) até presta atenção, mas confunde os ensinamentos ou ouve com uma motivação ruim, tal como o apego; ou

(3) se esquece dos ensinamentos.

•   Os antídotos são: “Ouça bem, detalhadamente e com atenção, e mantenha os ensinamentos em mente.”

O Dharma como medicina:

•   Pense em você como um doente crônico [com ignorância, apego, aversão, etc.] que recebe uma prescrição médica [o ensinamentos do Dharma] do médico [um instrutor qualificado e idôneo].

•   Considere a aplicação dos antídotos (da medicina do Dharma) um privilégio, e não um peso.

•   Pense na prática sincera como a forma de curar a sua doença.

•   Para fazer isso, você precisa aprender os ensinamentos. Você precisa de estudo.

•   Se você ouviu pouco, mas tem boa harmonia (shila) entre pensamento, palavra e ação, o seu ouvir é excelente.

•   Se você ouviu muito, mas não tem harmonia, o seu ouvir não é excelente.

•   Se você não ouviu muito, nem tem harmonia, seu ouvir também não é excelente.

•   Mesmo que você entenda os pontos centrais das escrituras por meio do ouvir e possa conhecer os pontos centrais da prática meditativa, o seu ouvir e o seu conhecimento têm pouco efeito se você tem comportamento inadequado (comete ações não virtuosas).

•   Aqueles que se alegram com os ensinamentos dos seres nobres e os colocam em prática com corpo e fala, que têm paciência e se mantêm na retidão alcançarão a perfeição de ouvir e adquirir conhecimento.

•   Não se perca na apreciação de palavras, mas reflita sobre o seu significado.

O Dharma como medicina:

•   Pense nos Tathagatas como seres excelentes. Desenvolva respeito ao lembrar-se daquele que trouxe o ensinamento, o Baghavan [o Buddha].

•   Deseje que o ensinamento dure por muito tempo.

•   Pense em como estudar esses ensinamentos pode contribuir para que o Dharma do Buddha possa permanecer no mundo por um longo tempo!

•   Ouça de modo que possa aplicá-los à sua mente [as perturbações mentais são expostas no espelho dos ensinamentos].

•   Para desenvolver bodhicitta é necessário treinar em suas causas, para conhecer as suas causas, é necessário ouvir os ensinamentos.

Como explicar um ensinamento em que tanto o ensinamento, quanto o autor são excelentes:

•   É benéfico explicar os ensinamentos sem preocupação com coisas mundanas, tais como lucro, honra, fama e daí por diante.

•   Há 20 benefícios de praticar a generosidade, de dar o ensinamento sem preocupação com coisas materiais, lucro, ou honra:

(1)       Memória;

(2)       Inteligência;

(3)       Compreensão;

(4)       Estabilidade;

(5)       Sabedoria;

(6)       Sabedoria supramundana;

(7)       Pouco desejo;

(8)       Pouco ódio;

(9)       Pouca ignorância;

(10)   Demônios não encontrarão uma oportunidade de feri-lo;

(11)   Os Bhagavans o terão como seu precioso filho;

(12)   Os não humanos o protegerão;

(13)   As deidades lhe concederão carisma e poder;

(14)   Os inimigos não encontrarão uma oportunidade de feri-lo;

(15)   Os amigos permanecerão fieis;

(16)   As suas palavras serão confiáveis;

(17)   Você alcançará a ausência de medo;

(18)   Você terá felicidade abundante;

(19)   Você será louvado pelos sábios;

(20)   O seu presente de ensinamento será digno de lembrança.

Desenvolver reverência pelo Instrutor (Buddha Shakyamuni) e o ensinamento

•   Seja respeitoso com o ensinamento

•   Lembre-se das boas qualidades e da generosidade do Instrutor (Buddha Shakyamuni)

•   Desenvolva convicção quanto aos benefícios de explicar os ensinamentos conforme são explicados nas coleções de sutras

O tipo de pensamento e comportamento adequados para explicar o ensinamentos

•   Pense em si mesmo como um médico, os ensinamentos como a medicina e aqueles que o ouvem como doentes.

•   Pense nos Tathagatas como seres excelentes e deseje que os seus ensinamentos permaneçam no mundo por bastante tempo.

•   Cultive amor por aqueles que se reuniram para ouvi-lo.

•   Deixe de lado a inveja que teme a superioridade alheia.

•   Deixe de lado a preguiça da procrastinação.

•   Deixe de lado o desânimo do cansaço de ter de explicar algo repetidas vezes.

•   Deixe de elogiar a si próprio e de apontar as falhas alheias.

•   Não seja mesquinho ao explicar o ensinamento.

•   Não tenha preocupações com coisas materiais, tais como comida e roupa.

•   E pense: “Apenas o mérito de ensinar os outros para que alcancem o Budado é uma condição favorável para a minha felicidade.”

•   Tome banho e esteja limpo, com roupas limpas.

O tipo de pensamento e comportamento adequados para explicar o ensinamentos.

•   Recite o mantra para afastar demônios e deidades demoníacas (Sagaramati Sutra).

“Qualquer ensinamento que conceder para ajudar o mundo é uma condição completamente favorável para a minha felicidade.” (Lotus Sutra)

Diferenciando entre aqueles para quem se deve ou não explicar o ensinamento

•   Não explique os ensinamentos sem ser solicitado.

•   Se solicitado, observe se a pessoa é adequada para receber os ensinamentos.

•   Mesmo quando não solicitado, é apropriado explicar os ensinamentos somente se você souber que se trata de um recipiente adequado.

Como concluir uma sessão, após ou ouvir ou explicar o ensinamento

•   Com forte aspiração dedique as virtudes que foram geradas ao explicar e ouvir os ensinamentos para as suas metas finais e temporárias.

•   Sem essa certeza, não importa quanto você explique os ensinamentos, eles podem acabar por aumentar as aflições, como uma deidade bondosa convertida num demônio.

Confiar no Guru Excelente

Aquele que trilha a linhagem do Mahayana confiou num guru excelente.(Atisha – Hrdaya-niksepa-nama)

•   Não deixar de lado o seu guru excelente [idôneo e qualificado] é a instrução primordial.

•   É insuficiente aprender apenas observando os outros, mas não se aprende bem sem um instrutor.

•   “Confie num guru Mahyana que é disciplinado, sereno, plenamente pacificado, com boas qualidades que ultrapassam às dos discípulos; é energético, tem uma bagagem de conhecimento das escrituras, tem preocupação amorosa, tem pleno conhecimento da realidade e habilidade em instruir os discípulos, e que abandonou o desânimo.” (Mahayanasutralamkara)

 

•   Maitreya diz que o discípulo deve confiar num instrutor que tem essas dez qualidades.

•   Quem não se disciplinou não tem base para disciplinar os outros.

•   Portanto, gurus que almejam disciplinar as mentes dos discípulos, devem primeiro disciplinar as suas próprias de acordo com os ensinamentos do Conquistador.

•   Deve ser treinado em shila, dhyana e prajna.

Confiar no Guru Excelente

 

•   Os sentidos buscam objetos impróprios e, como cavalos selvagens, levam-no a se envolver com ações inapropriadas.

•   Por meio de grande esforço, os gurus desenvolvem shila para controlar os sentidos e se voltar para ações apropriadas.

•   Dhyana é um estado mental em que a mente permanece pacificamente recolhida.

•   Dhyana é alcançada com atenção e vigilância para com shila, afastando-se das ações negativas e engajando-se em ações positivas.

•   Prajna é alcançada quando se analisa (vipasyana) a natureza da realidade (shunyata) na dependência da estabilização mental (shamata). A mente, assim, se torna útil.

•   “Quando os gurus do Mahayana concedem uma explicação, devem promover um entendimento profundo em seus discípulos” (Geshe Drontompa).

•   Quando colocam os ensinamentos em prática, devem demonstrar o que é útil num determinado período em que o ensinamento está em decadência e o que é útil em cada situação específica.

•   Versos sobre Amigos (Mitra-varga): As pessoas se degeneram ao seguir aqueles que são inferiores a elas. Ao seguir os iguais, elas permanecem iguais. Ao seguir os que são superiores, elas alcançam excelência. Portanto, confie naqueles que são superiores a você. [Aqueles que desenvolveram shila, dhyana e prajna].

•   Deve-se emular aqueles cujas qualidades ultrapassam as suas. [espelhe-se neles].

Confiar no Guru Excelente

•   “Os Sábios não lavam os pecados com água, nem removem o sofrimento dos seres com as suas mãos. Eles não transferem o seu próprio conhecimento para outro; eles liberam ao ensinar a verdade acerca da realidade.”

•   “Portanto, os Buddhas não realizam ação alguma, tal como “lavar os pecados dos outros com água”, exceto por mostrar com exatidão a senda.

•   Preocupação amorosa significa a motivação pura para conceder os ensinamentos.

•   O guru ensina motivado por amor e compaixão, e não para obter ganhos, respeito [agradecimento] etc.

•   Aqueles que dedicam a sua vida para explicar as boas qualidades dos treinamentos, sem se esforçarem diligentemente em sua prática, não são pessoas adequadas para ensinar.

•   “Em tempos futuros haverá muitos monges sem votos. Querendo dizer: “Sou entendido na doutrina”, vão falar extensamente de shila, mas sem se esforçar diligentemente em sua própria shila.” (samadhi-raja-sutra).

•   O sutra fala o mesmo sobre as outras três qualidades: dhyana, prajna e liberação. Busque um guru com essas qualidades [guru yoga em Bodhisattvas genuínos].

•   Quem aspira ensinar o Dharma deve entender essas características e se esforçar em desenvolvê-las.

Confiar no Guru Excelente

 

“Pergunta: Como vivemos em tempos degenerados, é difícil encontrar um instrutor que tenha essas boas qualidades de forma completa. Portanto o que fazer se não encontrarmos tal instrutor?”

“Resposta: O Tantra solicitado por Subahu (Subahu-pariprccha-tantra) diz:

‘Assim como uma carruagem com uma roda não conseguirá ir adiante no caminho, da mesma forma, sem ajudantes para a meditação, as pessoas não alcançarão realizações. Tais assistentes devem ter: inteligência, uma boa aparência, grande pureza, serem de uma linhagem idônea, inclinados aos ensinamentos. Devem ter grande confiança, perseverança e os seus sentidos disciplinados. Devem falar de forma agradável, ser generosos e compassivos, aguentar a fome, a sede e as aflições e não adorar outras deidades ou brâmanes. Devem ser focados, hábeis, gratos e ter fé nas Três Joias. Visto que muitas dessas qualidades são raras nesses tempos de conflito, os praticantes do Mantra devem confiar num ajudante que tenha metade, um quarto ou um oitavo dessas qualidades.’”

•   O mesmo pode ser aplicado ao guru (Atisha).

Confiar no Guru Excelente

As características do estudante que confia no guru:

“Aquele que é sem preconceitos , inteligente, diligente é um recipiente para ouvir os ensinamentos.”

(Aryadeva)

•   Capaz de ver as qualidades dos que dão o ensinamento e do outros que escutam o ensinamento.

•   Não “Tomar lados”[ter uma atitude mental sem preconceito] significa não se apegar ao seu próprio sistema religioso e demonstrar hostilidades aos outros.

•   Mesmo sem tomar lados, se você não tiver a força mental [o discernimento] de distinguir caminhos corretos de boas explicações e caminhos danosos de falsas explicações, você não é um recipiente adequado para ouvir os ensinamentos.

•   Deve-se ter inteligência para entender isso. Assim você abandonará o que é não produtivo e adotará o que é produtivo.

•   (1) esforce-se com muita diligência no ensinamento.

•   (2) Foque bem a mente ao ouvir o ensinamento.

•   (3) Tenha grande respeito pelo ensinamento e seu instrutor, e

•   (4) descarte as explicações ruins das boas explicações.

•   Investigue bem o se o guru tem as características requeridas [para ser um guru]

•   Tenha poucos gurus/instrutores.

•   Um guru é alguém que o guia habilmente com as instruções de todos os caminhos em sua inteireza.


Confiar no Guru Excelente

De acordo com o Gandavyuhasutra, cabe ao discípulo respeitar e servir um guru idôneo com as seguintes atitudes:

•   Senso de dever (com um guru realmente qualificado e idôneo). Não se deve deixar qualquer um guiá-lo.

•   A atitude diamante – a relação entre guru e discípulo deve ser estável, não se deixando abalar por ninguém demônios, maus amigos etc.

•   A atitude que é como a terra. Não desaminar com as responsabilidades designadas pelo guru.

•   Não se deixar abalar pelos sofrimentos da vida.

•   Cumprir com os deveres, sem hesitação.

•   Eliminar o sentimento de superioridade e orgulho e considerar-se inferior ao guru qualificado e idôneo.

A água de boa qualidade não pode ser captada nos picos do orgulho. – Drontompa

•   Firmeza – Aceitar as responsabilidades mais árduas com prazer.

•   Não se irritar com o guru quando ele o repreender ou der uma bronca.

•   Não se cansar das tarefas, não importa quantas vezes o guru solicite que as realize.

•   A fé é o pré-requisito de todas as boas qualidades.

•   A fé afasta a dúvida e liberta das quatro correntezas (ignorância, apego, desejo e visões errôneas).

•   A fé o conduz para a próspera cidade da felicidade e da bondade.

•   A fé corta a melancolia e clareia a mente.

•   A fé elimina o orgulho e é a raiz do respeito.

•   A fé é a base da coleção de virtudes.

Confiar no Guru Excelente

•   Pense no guru como sendo o Buddha.

•   Preste atenção nas boas qualidades do guru sua shila, seu conhecimento, sua fé e reflita sobre essas qualidades.

Quando você confia no guru, a sua virtude aumenta e a sua não-virtude diminui. (Ratna-megha-sutra).

Desenvolva o seguinte pensamento em relação aos gurus/instrutores:

•   Tenho vagado pela existência cíclica por muito tempo, e eles buscam por mim.

•   Estava dormindo, obscurecido pela delusão por um longo período, e eles me acordaram.

•   Eles me puxam das profundezas do oceano do samsara.

•   Entrei num mau caminho, e eles me revelam o bom caminho.

•   Eles me liberam da prisão da existência.

•   Estou exaurido por doenças há muito tempo, e eles são os meus médicos.

•   Eles são a chuva que apaga o fogo do apego e de outras perturbações.

•   Eles me protegem dos reinos inferiores.

•   Eles me levam a conhecer a verdade sobre os fenômenos.

•   Eles me mostram os caminhos que levam para a felicidade e que levam para a infelicidade.

•   Eles me revelam o círculo da assembleia dos Aryas.

•   Os instrutores/gurus aumentam as minhas virtudes.

•   Eles ensinam o modo de vida do Bodhisattva.

•   Por protegerem o mundo, eles são como heróis.

Ao adquirir uma porção dos ensinamentos do seu guru, você confia nos instrutores/gurus para desenvolver boas qualidades, e não obter coisas materiais. (Mahayanasutralamkaara – Maitreya).

•   Nós discípulos do presente não valorizamos os ensinamentos, apenas o status que o guru nos dá.

•   Pratique por um longo tempo numa distância moderada [não fique sempre na cola do guru, nem se desconecte dele por completo].

•   Ao confiar num guru idôneo e qualificado, você se aproximará do Budado.

•   Você agradará aos Conquistadores e não ficará destituído de gurus no futuro.

•   Você não cairá em reinos miseráveis, nem será dominado pelo karma negativo e pelas aflições.

•   Pela reta atenção nas ações dos Bodhisattvas e ao não contradizer as suas boas ações, a coleção de virtude aumentará.

•   Respeite o guru com pensamento e prática.

•   Você será capaz de fazer o bem aos outros e a si mesmo.

•   Você completará a coleção de mérito e sabedoria.

•   Para ser bem-sucedido em desenvolver as boas qualidades do guru, é necessária a constância.

•   Se os discípulos tiverem ressentimento, forem intratáveis ou hostis para com o guru, não terão como obter boas qualidades.

•   O contínuo desrespeito e desprezo aos gurus idôneos fará o ensinamentos desaparecerem da sua mente.

•   Se você confiar em maus amigos e gurus não virtuosos, as boas qualidades diminuirão, e as falhas aumentarão.

•   As más companhias servem de base para apego, hostilidade e ignorância.

•   Bodhisattvas não temem elefantes enlouquecidos da mesma forma que temem maus amigos (Mahaparinirvana sutra). Os primeiros apenas destroem o corpo, o segundo destroem as virtudes e uma mente pura e podem levar a reinos inferiores.

•   Há aqueles cujas mentes foram dominadas pelo veneno dos maus amigos, mas se esqueceram do antídoto, o guru.

•   Mesmo ao ouvir o precioso e sublime ensinamento, eles cairão no grande abismo do descontrole.

•   Os sábios não devem tomar como amigos aqueles que não têm fé ou que são avarentos, aqueles que mentêm ou que causam discórdia, não devem acompanhar pessoas pecaminosas.

•   Mesmo aqueles que não pecam, geram a dúvida de que podem estar pecando se confiarem naqueles que pecam, intensificando o que é não desejável.

•   Ao confiar em instrutores/gurus não virtuosos, as suas más ações prévias ações errôneas por natureza ou por proibição não diminuem, e novas ações não virtuosas se intensificam.

 

As piores pessoas, embora em meio a boas companhias, não se tornam melhores do que medianas. As melhores, quando mantêm as piores companhias, logo se tornam parte das piores. – Drontompa

•   Pratica a guru yoga.

•   Você não irá longe praticando por apenas uma sessão. Eeve confiar por um longo tempo num guru excelente.

•   As nossas aflições são extremamente densas. Confesse as ações nãovirtuosas e se restrinja de cometê-las no futuro.

•   Contemple as qualificações de seu guru.

•   Acumule as coleções de mérito e sabedoria para que tal guru possa zelar por você até que alcance a Iluminação.

A sessão de Meditação – Cap. 5

•   A meditação é dividida em três fases: (1) preparação; (2) meditação de fato e (3) conclusão.

a)  Preparação:

Os seis aspectos da preparação (Serlingpa):

(1)       Limpe bem o local da prática e organize as representações de corpo, fala e mente do Buddha.

(2)       Arranje oferendas sem enganação e de forma aprazível.

(3)       Sente-se num assento confortável, numa postura adequada, as pernas em semilótus ou lótus e foque-se nas práticas de tomada de refúgio e desenvolvimento de bodhicitta.

(4)       Visualize sentados a sua frente os gurus das linhagens vastas e profundas, Buddhas e Bodhisattvas. E Visualize o campo de acumulação das coleções de mérito e sabedoria sublime.

(5)       As condições propícias para a geração da senda em sua mente são: (1) a acumulação de coleções [de mérito e sabedoria] e a (2) purificação da mente.

– Purifique a mente com a prática dos sete ramos:

1.  Prostração [de corpo, fala e mente aos Buddhas e Bodhisattvas].

2.  Ofertar oferendas [mentalmente] mundanas e supramundanas.

3.  Confissão sincera das ações errôneas de corpo, fala e mente, com o compromisso de não mais cometê-las.

4.  Alegrar- se com os méritos dos Conquistadores das dez direções, Bodhisattvas, Pratyekabuddhas, aqueles que ainda estão aprendendo, aqueles que não precisam mais aprender e todos os seres comuns.

5.  Solicitação aos Buddhas para que girem a Roda do Dharma [concedam os ensinamentos].

6.  Súplica aos Bodhisattvas para que continuem atuando no mundo em prol de todos os seres.

7.  Dedicação de todo e qualquer mérito gerado para a busca da Iluminação [em prol de todos os seres].

 

Qualquer mérito acumulado, por pequeno que seja, por meio da prostração, oferenda, confissão, alegria, solicitação ou súplica – Dedico-os para a Iluminação de todos os seres.

•   A confissão sincera afasta os kleshas.

•   Cultivar a alegria pela virtude aumentará a sua virtude.

•   Você pode ter acumulado poucas virtudes por meio da acumulação, mas pela dedicação, elas aumentarão.

•   A prática dos sete ramos está inclusa na acumulação, na purificação, na expansão (de virtudes) e não dissipação [dos méritos].

•   Após gerar em sua mente e oferecer a mandala, faça a súplica com aspiração:

“Por favor, abençoe todos os seres vivos minhas mães e eu mesmo—, para que possamos rapidamente cessar estados errôneos da mente, começando pela falta de respeito para com o instrutor e terminando com a visão errônea de atribuir existência verdadeira aos dois tipos de “eu” [o eu pessoal e o eu dos fenômenos]. Por favor, abençoa-nos para que possamos facilmente gerar todos os estados infalíveis da mente, a começar pelo respeito para com os instrutor e terminando com a compreensão da ausência de eu.”

 

 

*passagens selecionadas e traduzidas por Bruno Carlucci em nov/2018.